segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Enegeo!! 2011

XXXIII ENEGEO: "Geologia para todos"
O ambientalismo é uma das questões de maior destaque na sociedade contemporânea, influenciando a maioria das decisões nos âmbitos político, econômico, social e cultural. Com a atividade ecoturística não poderia ser diferente. Assim como a maior parte das atividades ligadas à conservação do meio ambiente, o ecoturismo tem demonstrado uma grande preocupação em relação à preservação ambiental.
Um dos grandes problemas apontados por BRILHA (2005, p.11) é que a abordagem tradicional da Conservação da Natureza considera, principalmente, aspectos referentes à biodiversidade. Ao contrário do termo biodiversidade, o conceito de geodiversidade não tem apresentado o mesmo grau de reconhecimento junto aos estudiosos. Esse fato pode ocorrer devido ao surgimento recente do termo (na década de 1990).
O conceito de geodiversidade proposto pela Royal Society for Nature Conservation (apud BRILHA 2005, p. 17) é o seguinte: "a geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que dão suporte para a vida na Terra".
Apesar de não abrigar elementos bióticos, o conceito de geodiversidade é extremamente importante para a sociedade atual, já que esta é amplamente dependente dos fatores influenciados pelos processos geológicos. A geodiversidade manifesta-se através de paisagens, solos e fósseis e não se baseia apenas na diversidade dos minerais e das rochas compostas por eles. Fatores como movimentos tectônicos e clima são de grande influência na formação das paisagens naturais. As paisagens devem ser o principal elemento ao se considerar a geodiversidade, já que é através da variedade de ambientes geológicos que estas são formadas e solos de diferentes composições são explorados para distintas atividades. São estes ambientes que nos fornecem as rochas e minerais essenciais para os mais variados produtos utilizados em nosso cotidiano, inclusive combustíveis fósseis e água doce, produtos dos quais somos dependentes e que atualmente estão se tornando escassos.
Embora os recursos geológicos sejam de inegável valor para a sociedade atual, sabe-se que utilizar as ciências da terra apenas com a finalidade de reconhecimento e exploração dos recursos naturais constitui, hoje, uma forma redutora de aplicar o conhecimento dessa.
Infelizmente, sabe-se que os valores assumidos pela geodiversidade ainda não são reconhecidos por grande parte da população. O acesso ao conhecimento das geociências é restrito, tanto para a população quanto para os admnistradores brasileiros. Isso acontece, não só pela falta de políticas estimuladoras e deficiência no sistema educacional brasileiro, mas também pelo desinteresse dos profissionais da área na popularização dos conhecimentos da área. De acordo com EEROLA (1994, p.161), a maioria dos geólogos "preferem divulgar os resultados de suas pesquisas em forma de artigos em revistas especializadas ou em ambientes acadêmicos como congressos" e não se preocupam em passar informações à sociedade.
Isto posto, a Comissão Organizadora do XXXIII ENCONTRO DE ESTUDANTES DE GEOLOGIA (ENEGEO - 2011) reconhece a importância de aceitar seu papel de agente social e ofertar seus conhecimentos para a comunidade, pois quanto maior o conhecimento em relação à geologia e aos aspectos que a envolve, "maiores serão as chances da população de compreender o mundo à sua volta e interferir positivamente no seu destino e meio ambiente" (EEROLA, 1994, P.163).
Sabe-se que a relação entre a geologia e os seres humanos implica na habilidade de fazer com que o ambiente geológico torne-se foco de desenvolvimento humano, particularmente por meio do geoturismo.
Este surge como uma tipologia de turismo essencial para a divulgação das geociências, sendo uma das principais iniciativas em relação à conservação da geodiversidade. A característica de finitude da maioria dos recursos geológicos revela sua grande fragilidade, fazendo com que atitudes como o geoturismo, sejam de grande importância para a defesa da geoconservação.
Neste cenário, reconhece-se que o patrimônio natural de Delfinópolis, em especial o patrimônio geológico, pode vir a desempenhar um papel-chave no desenvolvimento do turismo no município. Desta maneira, a comissão organizadora do ENEGEO busca lançar um novo olhar sobre o turismo de Delfinópolis, a fim de promover a importância e influência do patrimônio geológico dessa localidade no cotidiano de sua comunidade.
APRESENTAÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE GEOLOGIA
O Encontro Nacional dos Estudantes de Geologia (ENEGEO) existe desde 1978 e foi inicialmente criado como instrumento de organização estudantil no contexto da reabertura política ao final da ditadura militar. Desde então, o ENEGEO é realizado anualmente.
Com o decorrer do desenvolvimento da geologia brasileira, novas discussões foram geradas no cenário nacional. Em 2006, a Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia (ENEGE) foi reativada e, a partir de então, o ENEGEO vem sendo organizado conjuntamente pela ENEGE e pelos alunos do Curso de Geologia sede do encontro, com o propósito de resgatar a essência do evento.
Sabe-se que, nas décadas de 70 e de 80, o curso de Geologia era muito procurado nas Universidades Brasileiras devido à grande expansão da exploração de riquezas naturais no país. No entanto, após esse período de ascensão a geologia deixou de fazer parte do grupo de carreiras mais procuradas por cerca de 20 anos. Atualmente, com o aumento da exploração de petróleo em bacias brasileiras, o país viu-se carente de mão-de-obra e, com isso, houve a criação de inúmeros novos cursos, fazendo com que o número de alunos de geologia no Brasil aumentasse consideravelmente.
Neste cenário de mudanças, é importante ressaltar que o ENEGEO é realizado com o intuito de reunir os profissionais da área e os estudantes das 27 universidades brasileiras que, atualmente, ofertam o curso de Geologia promovendo a interação entre tais indivíduos. Ainda, objetiva-se a construção de um movimento coletivo baseado em interesses comuns que represente o posicionamento dos estudantes frente às questões que lhes dizem respeito. O Encontro também cria oportunidades para o aprimoramento da formação acadêmica dos estudantes por meio de trocas de informações possibilitando, ainda, a disseminação do conhecimento geológico para as comunidades habitantes das regiões escolhidas para sede do Encontro.
Tendo em vista as especificidades das Ciências Geológicas, são priorizadas localidades para sediar o Encontro que apresentem como características a boa exposição de rochas (afloramentos rochosos) e paisagens naturais, bem como a infra-estrutura local para acomodação dos participantes do evento. Os últimos encontros realizados priorizaram locais geologicamente privilegiados tais como: Chapada Diamantina - BA (2001); Canoa Quebrada - CE (2002), Chapada dos Veadeiros – GO (2003), Boiçucanga - SP (2004), Conceição do Mato Dentro - MG (2005), Farol de Santa Marta - SC (2006), Chapada dos Guimarães - MT (2007), Cabo Frio - RJ (2008), Santa Leopoldina - ES (2009), Fortaleza - CE (2010).
No ano de 2011, espera-se uma representatividade de aproximadamente 800 estudantes no evento. Considerando as mudanças ocorridas no cenário geológico brasileiro e o grande número de pessoas que deverão comparecer ao evento, a organização do XXXIII ENEGEO está criando uma programação que abordará temas pertinentes às geociências e incentivará o desenvolvimento da comunidade local. Assim, o programa inclui: palestras; debates e reuniões voltados às questões não só da classe estudantil, mas geológica em geral; eventos culturais (festas e campeonatos esportivos); trilhas ecológicas informativas (no aspecto geológico e turístico); exposição dos trabalhos envolvendo a comunidade (projetos que serão desenvolvidos junto a comunidade local).
                              
LOCALIZAÇÃO DO ENEGEO
Como é de conhecimento geral, a Comissão Organizadora do XXXIII ENEGEO elegeu Delfinópolis como cidade sede do evento. Delfinópolis localiza-se no sudoeste do estado de Minas Gerais (Figura 1). O município dista 401 quilômetros de Belo Horizonte, e se estende numa área total de 1.171km².
Delfinópolis localiza-se aos pés da Serra da Canastra, o acesso pode ser feito por balsa, atravessando a represa Mascarenhas de Moraes, ou pela Estrada Ecológica que possui 200 km de paisagens fascinantes.


  


Figura 1. Localização do Muncípio de Delfinópolis.
Delfinópolis é um dos locais com maior diversidade de paisagens do nosso país. Seus vales e serras formam incontáveis cenários de beleza única, repletos de cachoeiras, além do magnífico Lago da Represa Mascarenhas de Moraes (antiga Represa de Peixoto). É formada por uma cadeia de serras famosas, entre as quais, Branca, Preta, Babilônia, entre outras, consideradas pelos ecologistas que as visitam, maravilhas de um Santuário Ecológico.
Na perspectiva das especificidades das Ciências Geológicas, o município de Delfinópolis apresenta algumas características imprescindíveis para a realização do evento. Seu espaço turístico é composto por um cenário diversificado, com paisagens fortemente marcadas pelas feições geográficas, tais como os recursos hídricos, a vegetação, o clima, a geomorfologia e a geologia, o que nos traz uma representação bastante característica do Estado de Minas Gerais.


Fote: Sit do Enegeo 2011                        

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